sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Estatuas de Sal

No capítulo 19 de Gênesis a Bíblia conta uma história … Deus estava ofendido com a pecaminosidade de Sodoma (uma das cinco cidades do vale de SIDIM) e Gomorra (cidade que ficava na planície ao sul do mar Morto) e resolveu destruí-las.
O relato diz que Deus teve piedade de um homem chamado Ló e resolveu salvá-lo juntamente com sua família… e orientou que fugissem… e assim, “fez chover fogo” sobre ambas as cidades.
O interessante foi a recomendação dada a Ló… “não olhem para trás”! Fujam e não se voltem para a destruição da cidade… mas, talvez, por distração ou até mesmo por apego, sua mulher olhou para trás e, conta o texto, “virou uma estátua de sal”.
Sabemos bem que existem muitas maneiras de olhar pra trás… podemos fazer isto de maneira física – voltamos nossa visão ao que está geograficamente atrás de nós, ou ainda no sentido íntimo, recordando e, de certa maneira, voltando a observar coisas e fatos que se passaram.
Essa questão é importante para a vida… muitas dores que temos em nossa alma vêm de fatos que já se foram… de acontecimentos que já passaram e marcaram nossa lembrança de maneira triste e dramática.
Existe quem viva sofrendo pelo que ouviu, pelo que falou, pelo que viu ou ainda pelo que fez… situações não resolvidas, que deveriam ser deixadas no passado, cobertas por perdão, por tolerância, ou até mesmo por amor.
Pessoas que correm pra frente com olhos voltados pra trás… deixando de viver novos ares, novos tempos, novos sonhos por se encontrarem ancorados em mágoas e ressentimentos de um tempo que já se foi.
Mais impressionante é pensar que a mulher de Ló, ao olhar pra trás, foi transformada em sal… numa mulher de sal, numa vida de sal… petrificada pela aridez e a desolação do sal.
Muitos também estão assim… salgados pelas tragédias que já não existem mais… ofendidos por posicionamentos e palavras que já não são mais ouvidas ou imagens que não mais são vistas.
É por isso que em certas situações e casos, faz mal focarmos nossos olhos no que se foi… ficar preso ao passado… ao dissabor, sem doce, sem ser suportado.
Quem sabe o bom sabor da vida não esteja nessa capacidade de olhar só pra frente… especialmente quando o passado não tem muito a ensinar, a inspirar… quem sabe não é esse “saber escolher o que lembrar” que traz alegria verdadeira à vida.
A mulher morreu… transformou-se em sal, em pedra… muita gente também morre diariamente, tornando-se estátua de sal, por não conseguir superar as más experiências de sua história… que servem somente como ensinamento, não como lembrança.
Precisamos olhar pra frente… precisamos correr com olhos no futuro… nem chorando, nem lembrando, nem sonhando com o que se passou… especialmente se o nosso ontem tem a ver com pecado, dor, miséria.
Existem sim coisas pra se lembrar… mas temos que pensar se é bom pra vida, pro hoje… se o nosso presente merece a lembrança de alguns fatos!
Precisamos nos dedicar ao que adoça a vida e não o que salga e resseca, tão somente!
Que o Deus da Graça nos ajude a aprender a lição da mulher de Ló… que não sejamos surpreendidos pelo sal das más recordações… que não sejamos petrificados pelas tristezas que passaram… e que tenhamos sonhos de paz, de amor e comunhão!Na graça e na paz

Pr.Lucas Silva